quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO: Resenha do filme "Narradores de Javé"


Narradores de Javé

Ficha Técnica Resumida:

Titulo Original: (Narradores de Javé).
Lançamento: 2003 (Brasil).
Direção: Eliane Caffé.
Elenco: José Dumont (Antônio Biá), Matheus Nachtergaele,  Jorge Humberto e Santos, Gero Camilo, Nélson Dantas, Luci Pereira, Nélson Xavier (Rui Resende).
Duração: 100 min.
Gênero: Drama.

Ficha Técnica Completa:
Título Original: Narradores de Javé.
Gênero: Drama.
Duração: 01h40 min.
Ano de lançamento: 2003.
Estúdio: Bananeira Filmes / Gullane Filmes / Laterit Productions
Distribuidora: Riofilme.
Direção: Eliane Caffé.
Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé.
Produção: Vânia Catani.
Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa.
Fotografia: Hugo Kovensky.
Direção de arte: Carla Caffé.
Edição: Daniel Rezende.

    Narradores de Javé conta a história da pequena Javé, cidadezinha no interior do Brasil, tendo José Dummont como ator principal (Antônio Biá).
    Javé está prestes a ser inundada pelas águas de uma represa que formará um lago para uma nova hidrelétrica. Ao saber da notícia, a população, de origem humilde, a maioria analfabeta, reúne-se para discutir sobre o problema. Como ninguém tem o título de propriedade das terras (os limites da propriedade de cada era "cantada", ou seja, a pessoa proclamava oralmente o que lhe pertencia) de onde vive, o desespero e a revolta toma conta de todos. As pessoas da cidade ficaram sabendo que ela somente seria poupada se fosse considerada um patrimônio histórico. Depois de muito discutirem, surgiu a ideia de alguém escrever a história da cidade e assim salvá-la das águas da represa. Como ninguém ali era "letrado" e como o trabalho teria de ser "científico" (com provas e não as lorotas que o povo contava para contar vantagem), escolheram Antônio Biá (José Dummont) para fazê-lo.
      Antônio Biá vivia fora da zona urbana da cidade, pois havia sido expulso de lá. Era o único que sabia ler e escrever fluentemente e também era o único carteiro. O motivo de ter sido expulso e ser considerado persona non grata deu-se pelo fato da agência do correio iria ser fechada pela falta de movimento, pois como o povo era em sua maioria analfabeto, não enviavam nem recebiam cartas. Então Biá teve a brilhante idéia que iria salvar o seu emprego: começou a se corresponder com pessoas de outra cidade, falando acerca dos moradores de Javé, contando histórias que enfureceu a população. Tendo sido expulso, foi viver fora da zona urbana de Javé.
     O povo de Javé, devido ao acontecido, considerava que Biá estaria em débito com a cidade. Por isso, deveria pagar a sua dívida (as famosas cartas acima mencionadas) escrevendo a história de Javé, de acordo com a narração (daí o título "Narradores") de cada morador e assim salvar a cidade de ser inundada.. Cabe ressaltar que a história de Javé não possuía registro escrito, existindo apenas na oralidade. Biá então foi forçado a aceitar a missão e começou a trabalhar, visitando cada morador, de casa em casa.
     Biá, para o cumprimento de sua missão, recebeu um livro grande, pautado, semelhante aos usados pelos Cartórios. Ao chegar nas residências explicava a sua tarefa e a pessoa começava a contar a sua versão para a origem da cidade, sempre se declarando descendente direto de algum personagem importante na fundação de Javé, dando a sua própria versão dos fatos, sempre contando vantagens. A narrativa começava, a pessoa ficava empolgada com que contava e só então percebia que Biá não havia escrito nada do que fora relatado. Biá justificava dizendo que tudo estava perfeitamente memorizado em sua cabeça e que em cas, com calma, iria passar para o livro. Com o passar do tempo, o assédio da população a Biá (pois cada um queria figurar no livro da história de Javé) era cada vez mais intenso, fazendo que ele ficasse cada vez mais impaciente e estressado com a situação.
     Já perto da cidade ser inundada, e com os engenheiros já a medir o terreno para a construção da barragem, o povo foi cobrar a encomenda que fora feita a Antônio Biá. Ele então se comprometeu entregar à noite, no armazém, pois precisava fazer os acabamentos no livro. Quando a noite chegou, todos esperavam por ele no armazém. Foi quando chegou um menino trazendo o livro embrulhado para ser entregue, tendo ele fugido. Quando o abriram ficaram muito irritados, pois nele não havia nada escrito, somente alguns rabiscos e desenhos. Furiosos, sairam a procura de Biá. Quando o encontraram e o arrastaram para exigir explicações. Biá disse que nada escreveu por não adiantar nada, "porque Javé é só um buraco perdido no oco do mundo" (nas palavras do próprio Biá), terra de gente ignorante como ele e todos ali. Depois de uma discussão, o povo o deixou e ele foi embora. Ressalto aqui uma passagem do filme, que retrata a forma de Biá pensar, expressado na cena que acabo de descrever, que se passava na casa dele, cuja porta tinha uma placa com o seguinte dizer: "proibido a entrada de analfabetos".
     Finalmente, quando as águas chegaram, Biá entrou no lago formado sobre Javé e chorou. Vendo aquela gente lamentando, desolada, finalmente indo embora em uma velha rural (carro típico do sertão), ele sentou-se em uma canoa e começou a escrever freneticamente o que via, sobre a nova Javé que surgia. É um filme marcante, que revela muito do nosso povo, principalmente do povo esquecido do sertão.
.    RECOMENDO que o assistam e façam as suas reflexões.

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